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Emprego cresce no interior e atrai lojistas

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Levantamento da CNC revela que, num ranking de 25 cidades paulistas, emprego formal subiu de 14% a 23% em 20 meses. Comércio já sente os efeitos – como a rede Bibi, que se expande em Franca

Se há dois indicadores que os lojistas não gostam de ver subir são o de inflação e o de juros. Afinal, eles desestimulam as compras em qualquer lugar do mundo, não apenas por aqui. 

O que pode contrabalançar essa dobradinha é o emprego, que, no Brasil, também não vai bem. A taxa de desemprego está na casa dos 11%, com 12 milhões de desempregados. 

Só que algumas regiões do país, por mais incrível que possa parecer, estão na contramão de todo este cenário desfavorável ao consumo. Levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) revela que, num ranking de 25 cidades paulistas, o emprego formal subiu de 14% a 23% comparando fevereiro de 2022 com junho de 2020. 

Os números divulgados pela CNC têm como base dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 

Em Pederneiras e Franca, o emprego com carteira assinada subiu 23%, no período. O saldo acumulado de vagas criadas em 20 meses ficou positivo em 2.590 e 17.382, respectivamente. Pederneiras se destaca na citricultura e na produção de açúcar e, Franca, nos calçados. 

Deste grupo de 25 cidades, a que apresentou maior saldo positivo de vagas foi Barueri (46.807), com avanço de 17% da força de trabalho. Em seguida aparecem Osasco, com 28.397 vagas (aumento de 19% no emprego), Franca (17.382 vagas) e Cotia, com 11.099 vagas (aumento de 17% no emprego) no período. 

Veja abaixo o ranking dos 25 municípios com maior alta no emprego formal: 

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Em grandes cidades paulistas, como Ribeirão Preto, o aumento do emprego formal foi de 12% (23.560 vagas), assim como em São Paulo (470.825 vagas). Em Campinas, o crescimento foi de 10% (34.987 vagas) e, em Santos, de 6% (9.318 vagas) neste período de 20 meses. Esses quatro municípios não estão no ranking das 25. 

Para Fábio Bentes, economista da CNC, esses dados dão pistas valiosas para os comerciantes. “O emprego está migrando lentamente para o interior”, diz ele. 

Há algumas explicações, de acordo com o economista. A pandemia estimulou o home office. Muitos trabalhos podem agora ser realizados de qualquer parte do país e até do mundo. 

Regiões com produção agrícola também tendem a empregar mais em razão da expansão da produção e da exportação de commodities, favorecendo alguns municípios.

O turismo interno também ganhou força, beneficiando cidades litorâneas, como Bertioga e Ubatuba, que aparecem no grupo das 25 cidades com maior avanço no emprego.

IMPACTOS NO COMÉRCIO

O aumento da força de trabalho em pequenas cidades paulistas já tem impacto no varejo. Com 133 lojas espalhadas pelo país e 16 na América Latina, a Calçados Bibi, fabricante e franquia de sapatos infantis, abre esta semana a sua segunda loja em Franca (SP). 

A primeira unidade da marca na cidade, localizada em shopping, já recuperou o faturamento anterior ao da pandemia. A partir de estudo de mercado, a franquia constatou que havia espaço para mais uma unidade no município. Desta vez, na rua. 

“Em Franca, a estimativa da loja no shopping é faturar 20% mais neste ano em relação ao ano passado. Com a loja de rua, o crescimento nas vendas deve chegar a 60% sobre 2021”, afirma Viviam Oliveira, gerente de operações de varejo da Bibi.

Ao mesmo tempo em que se beneficia do aumento do emprego local, diz ela, a Bibi também cria novos postos de trabalho com a nova loja, que deve contratar cinco vendedores.

No Brasil, a previsão é abrir mais 25 lojas neste ano, e no exterior, mais 12, com a criação de cerca de 185 empregos. A Bibi emprega hoje 700 pessoas no varejo e 1,2 mil na indústria.

“Houve uma mudança de comportamento dos consumidores. Há mais pessoas mudando para o interior, em busca de melhor qualidade de vida – o que explica estes movimentos”, diz.

Com 35 lojas, a rede MOB, especializada em roupas femininas, informa que, em cidades como Jundiaí e Itupeva, as vendas já superam as registradas antes da pandemia. 

A loja do outlet Premium, em Itupeva, fatura hoje 30% mais do que em 2019, assim como as que estão em regiões do agronegócio, de acordo com Ângelo Campos, sócio-diretor da rede.

Celso Amâncio, consultor que faz parte do Conselho do Varejo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), diz que constatou em seu trabalho de campo mais pulso em cidades do interior.

Tanto que, de acordo com ele, aumentou o número de clientes interessados em montar negócios em cidades menores, especialmente em serviços e no comércio de eletroeletrônicos.

O que tem ouvido de lojistas desses municípios, afirma, é que os consumidores estão desapontados com o pós-venda no e-commerce e estão voltando a comprar em lojas físicas.

Paulo França Braga, sócio-proprietário da Empório Stok, com duas lojas de sapatos, e da Stok & Cia, com oito lojas, todas em São Paulo, decidiu expandir o negócio no interior. Neste momento, faz prospecção de mercado e avalia montar loja em cidades como Itatiba, Jundiaí, Campinas e São Caetano do Sul. 

“Antes da pandemia, as minhas lojas em São Paulo ficavam lotadas. O comportamento do consumidor mudou. Eu vendia scarpin. Agora, vendo chinelo de ficar em casa”. O interior, diz ele, já não perde mais para São Paulo.

Também antes da pandemia, o sonho de representantes de fábricas de calçados era vender para lojistas de São Paulo, não do Interior. “Hoje, esses representantes que atendem o interior estão vendendo 80% mais do que os que atendem o mercado paulistano”, afirma Braga. 

As suas lojas em São Paulo estão vendendo, em média, 50% do que vendiam antes da pandemia. “Lojas de calçados do interior já atingiram 80% do faturamento, de acordo com os representantes de fábricas de calçados de Franca, Jaú (SP) e do Rio Grande do Sul”, afirma.

FONTE: Diário do Comércio 

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